O que é o Esporte Clube Vitória? Poderíamos dizer que é um time de futebol. Que são onze jogadores e mais alguns reservas. Todos eles uniformizados com um padrão rubro-negro. As letras E, C e V no escudo. Uma equipe a disputar a bola sobre o gramado do Estádio Manoel Barradas.

Poderíamos dizer também que é um clube, uma associação. Que são as suas instituições, seu corpo diretor, seu quadro de funcionários. Que é o seu patrimônio, os ativos, os imóveis, a concentração, a cozinha de Dona Tidinha.

O Vitória é tudo isso e pode ser, talvez, muito mais do que isso. Mas tudo isso vale pouco ou nada vale sem o seu elemento mais importante: o torcedor.

Os atletas que hoje vestem o uniforme vermelho e preto amanhã não o portarão mais. Destes, poucos se tornarão, como nós, rubro-negros para sempre. O Vitória já era Vitória antes da construção do Barradão e jamais deixou de sê-lo quando atuou longe dele por escolha ou necessidade. Já passamos pelo verde-e-amarelo e pelo alvinegro até chegar às cores que hoje amamos e em nenhuma parada dessa viagem cromática o Vitória deixou de ser Vitória. Em todos esses momentos ele era os jogadores por quem a massa rubro-negra vibrava, sua casa era o estádio no qual seus torcedores se reuniam, suas cores eram aquelas que sua torcida reconhecia. Quem faz o Vitória é o torcedor.

O Vitória é o seu passado. Do Corredor da Vitória a um aterro em Canabrava. Do luxo ao lixo, e de volta ao luxo pela sua reconstrução sobre uma terra desprezada por abrigar aquilo de que queremos nos livrar. São seus troféus de ouro e de prata, suas vitórias e derrotas. É a hegemonia e também a decepção. É a euforia das grandes conquistas, mas também o alívio do "quase perdemos" e o confuso sentimento de um orgulho triste do "quase ganhamos".

Mas o Vitória é também o seu futuro. É uma menina agarrada ao alambrado, desejando entrar em campo de mãos dadas com uma jogadora. É mais um garoto talentoso das divisões de base, que torcemos para poder assistir jogar antes de vê-lo partir para ganhar o mundo. É a esperança que nos faz acreditar que a nossa história ainda não foi inteiramente contada. Que precisamos estar presentes em mais um jogo, mais um campeonato, mais uma temporada, por toda a vida se for preciso, ou mais.

Mas sem o torcedor, para rememorar e preservar esse passado, para sonhar e alimentar a esperança de um futuro vencedor, essa linha do tempo se arrebenta, sem a possibilidade de ser reatada.

O Barradão não é tão mágico quando está vazio. Torcedor, quem faz o Vitória é você!